Acabou de passar na SIC, uma reportagem sobre o estado das energias renováveis em Portugal, bem como o investimento do país nesta área nos próximos tempos. Falou se dos extremos impactos ambientais, que as centrais solares e eólicas vão ter nos nossos ecossistemas, sem criarem quase emprego nenhum (falou-se se não me engano que a central da Amareleija criou uma dúzia de empregos). No entanto nunca se falou na alternativa óbvia e limpa do nuclear. Funciona nos outros países. Porque não neste cantinho da Europa?

  • Francisco@lemmy.pt
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    1 year ago

    Privados não fazem estações de produção eléctrica nuclear. Se não gostas de negócios como, por exemplo, da Lusoponte, então nuclear não é para ti.

    Os impostos pagam a estação agora e logo se vê que preço a electricidade vai ter no futuro.

    Os lucros vão para o privado, e dependem quase só dos níveis de segurança exigidos para a operação. O incentivo para comprar os políticos e reguladores e mudar as regras para reduzir custos, é gigante.

    E não é que possas criar um mercado com concorrência. Aliás, até os trabalhadores têm que ser pre-aprovados. Por segurança.

    E pensar em vulnerabilidades como o que se vê agora na Ukrania? Onde se está a prever que alguém pode causar um acidente nuclear que vai afectar uma área maior do que Espanha? Quem paga a gestão desse tipo de segurança. O SIS, e esses custos também estão contados nos custos do nuclear?

    Mais, a produção não é flexível suficiente para acompanhar (como é necessário) o consumo eléctrico do momento. Ou seja, a produção electrica nuclear apenas é adequado para abastecer o consumo base, que corresponde a cerca de 6% do que é consumido.

    E que fazes ao resíduo? Há muito quem tenha teorias, não faltam. Mas na prática onde se depositam? E quem? E até quando?.. se vai pagar para cuidar desses resíduos?

    Para mim é como falar do comunismo. Fantástico na teoria - Utópico. Na prática, é o que se viu/vê.

    • TCB13@lemmy.world
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      1 year ago

      https://www.iaea.org/newscenter/news/frances-efficiency-in-the-nuclear-fuel-cycle-what-can-oui-learn

      “Ou seja, a produção electrica nuclear apenas é adequado para abastecer o consumo base, que corresponde a cerca de 6% do que é consumido.” tens a certeza disto?

      With 58 nuclear power reactors producing nearly 72% of France’s electricity in 2018,

      “E que fazes ao resíduo? Há muito quem tenha teorias, não faltam. Mas na prática onde se depositam? E quem? E até quando?.. se vai pagar para cuidar desses resíduos?”

      Parecem-se ser tudo problema resolvidos já.

      The recycling of spent fuel is a major element of the strategy of the French nuclear sector, which has more than 30 years of industrial experience. (…) Through recycling, up to 96% of the reusable material in spent fuel can be recovered.

      Repara nesta parte, não é uma teoria, é uma prática desde 1960:

      Since the start of operations in the mid-1960s, the La Hague plant has safely processed over 23 000 tonnes of spent fuel — enough to power France’s nuclear fleet for 14 years.

      • Francisco@lemmy.pt
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        1 year ago

        Obrigado pela resposta. Já me levou a ler mais sobre isto.

        Deixo 3 contra-pontos:

        • 72% é da produção. E França exporta. O consumo é significativamente mais baixo. Ainda assim muito acima dos 6% que eu falei.
        • Contudo, como dizer os anglófonos, quando tens um martelo na mão todos os problemas parecem pregos. O facto de que França usa muita electricidade de origem nuclear não significa que essa é a fonte mais eficiente, melhor,ou mais barata.
        • sobre a reutilização/reciclagem dos resíduos — não concordo que seja um problema resolvido. 96% é um racio, continuas a ter resíduo ao final. E nada é dito sobre a qualidade, ou perigosidade desse resíduo. 96% não especifica as ‘unidades’. Mesmo se fosse ‘96% da perigosidade’, 20 vezes menos não significa problema resolvido. O link que apontas não responde onde se depositam. Quem, e até quando… se vai pagar para cuidar desses resíduos. Que são detalhes importantes, não achas?