Organizando seu Worldbuilding
Eu tava pensando aqui por uns meses porque worldbuilding não é meu hobby principal, mas vai e volta acabo criando algumas coisas pra RPG.
A pior coisa, na minha experiência, é que você tem muita informação pra lidar com de uma vez quando tá tentando criar um mundo, e não sabe por onde começar ou como conectar as coisas. Ficar perdido assim é estressante.
Esse é um guia de como organizar seu worldbuilding, não como fazer ele. Se você quer aprender como economia ou religião funciona, não vai ser o que eu vou explicar aqui.
O meu método é bem simples e depende só de duas palavras-chave: CÍRCULOS e CATEGORIAS.
1. Círculos
Imagina comigo um país. Esse país é dividido em vários estados. Esses estados são divididos em várias regiões metropolitanas. Essas zonas são divididas em várias cidades. Essas cidades são divididas em vários bairros. etc.
É como se fossem círculos dentro de círculos dentro de círculos. O círculo maior é o PAÍS, com círculos menores chamados ESTADOS dentro dele, com círculos menores chamados CIDADES dentro desse e assim vai.
E o país não é o maior círculo: Podem ter vários países dentro de um continente, vários continentes dentro de um mundo, vários mundos dentro de uma comunidade estelar, etc. Vai do seu interesse saber até onde contar.
1.1. Arrumando seus círculos
Os nomes desses círculos e as suas divisões são completamente arbitrárias.
Não tem nenhuma regra que diz que o seu país precisa ser dividido em “estados”. A Rússia é dividia em “províncias”. O Brasil Colonial era dividido em “capitanias”.
Também nada diz que o seu “continente” precisa ser dividido em “países”.
A única constante é essa: Coisas são divididas em mais coisas que são divididas em mais coisas.
Isso é uma constante em quase todos os métodos de organização que seres humanos criaram, porque nós amamos categorizar coisas: Cargos eclesiásticos, administração empresarial, divisão de terras, táxons biológicos, etc.
1.2 Trabalhando com os seus círculos
É de extrema importância que o mestre worldbuilder saiba trabalhar de forma eficiente. Os cinco dias que você gastou fazendo o “Reino Infernal de Ardya” não valem de nada se os seus jogadores nunca vão interagir com esse lugar. Worldbuilding por worldbuilding é divertido, mas deve ser deixado para depois que o básico já esteja feito.
O que você quer fazer é definir quais círculos valem a pena trabalhar em. Uma campanha de intriga entre os burgos do sul de Southeros pode precisar só de Southeros e as suas nações vizinhas ao sul. Dentro de Southeros, os burgos do sul de devem ser trabalhados em mais detalhe do que os clãs de lobisomem do norte. Dentro de um burgo, algumas cidades devem ser preparadas com mais cuidado que outras. Assim vai.
Os “círculos” são simples, mas poderosos.
2. Categorias
A estrutura dos círculos é muito rígida e totalmente baseada em hierarquia. Você pode ter notado que eu só falei em organizações políticas até agora, e é porque eu não posso colocar “a etnia Udri”, “o burgo de Southeros” e “o culto de Ladilua” dentro da mesma hierarquia. Essas três coisas não são diretamente “hierarquizáveis”.
É aqui que entram as categorias. As categorias são conjuntos de coisas que você pode classificar como “dentro de” e “fora de” diretamente.
2.1. Definindo as três Categorias básicas
Em geral você pode trabalhar com só três categorias pra maioria dos mundos: Geografia, Demografia e Estado.
Geografia é o que diz respeito à ordem natural do mundo: Normalmente isso quer dizer “como é o lugar” (um arquipélago, tem uma floresta, fica na montanha, etc) mas inclui, sutilmente, também o que depende disso pra ser definido (como economia e tecnologia).
Demografia é tudo o que diz respeito às pessoas que vivem naquele lugar: Como elas se parecem, quais rituais fazem, no que acreditam, como se vestem, etc.
Estado são as estruturas que governam as pessoas: Como são divididas, quem são seus líderes, como esses líderes são escolhidos, como eles controlam as pessoas, etc.
2.2. Ordem das Categorias básicas
As categorias devem ser interdependentes: Elas afetam umas às outras. O clima de um lugar afeta quais coisas nascem ali, o que afetam o que as pessoas comem, o que afeta como o governo local distribui e controla essa comida.
Você deve priorizar elas na seguinte ordem: Geografia, Demografia, Estado. Você precisa saber primeiro o suficiente de geografia para poder fazer o suficiente de demografia para poder fazer o suficiente de um Estado.
Você talvez queira começar com um aspecto da Demografia ou do Estado. Anote a ideia em algum canto e trabalhe em uma Geografia e/ou Demografia que façam a sua ideia ser possível.
2.3 Mudando as suas Categorias
Talvez a sua distopia tecnoapocalíptica não precise tanto de uma categoria de Estado, porque todos vivem em comunas independentes. Talvez seja muito mais importante rastrear de qual dos cinco grandes galhos tecnológicos uma região usa e o que essa tecnologia pode fazer. Tire a categoria “Estado” e coloque a categoria “Tecnologia” (antes de “Demografia”).
Resista porém à tentação de fazer uma categoria pra CADA ASPECTO diferente do seu mundo. O método é pra ser um esboço, pra te ajudar, não para te forçar a focar em detalhes pequenos.
3. Conclusão
É isso, pessoal, espero que gostem :)
Genial!