Atualmente nossos sistema democrático é por eleições diretas, que significa que votamos em nossos representantes diretamente. Entretanto esse modelo tem, há décadas, se mostrado falho, pois os mesmos representantes sempre se reelegem ou revezam as eleições. Aliado a isso, é sabido que aqueles que conseguem se eleger, por um meio ou por outro, acabam ganhando poder e visibilidade, o que facilita com que eles consigam captar e utilizar recursos do estado para alavancar suas próprias candidaturas futuras.
Baseado nessas falhas, quero propor uma discussão sobre modelos alternativos, portanto vou apresentar duas ideias que tive. Como minha ideia é propor discussões, não vou defender nenhuma das propostas, vou apenas apresentá-las e acompanhar a distância o desenvolvimento da discussão
Proposta #1 - Eleições por sorteio
Nessa proposta fundamento meu argumento na máxima de que o Congresso é a casa do povo. Portanto minha ideia é a seguinte:
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Cada estado brasileiro tem direito a 10 vagas no Congresso Nacional; A explicação para essa decisão é de que todos os estados devem ter a mesma quantidade de votos disponíveis, mesmo que o estado seja menos populoso. Dessa forma garantimos que os direitos de todos os estados serão defendidos por seus representantes igualmente
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Para assumir uma vaga no Congresso Nacional, as pessoas interessadas devem se candidatar para o sorteio e cumprir com requisitos mínimos, como ser brasileiro e ser alfabetizado;
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O sorteio é público e deve acontecer em um evento público, garantindo a transparência;
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O sorteio é feito com antecedência de 6 meses da posse, garantindo tempo para que os eleitos possam fazer cursos oferecidos pelo Estado sobre o papel do Congressista e quais são suas funções;
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Assessores deverão ser concursados e ter papel permanente auxiliando os Congressistas; Os assessores não tem voz no Congresso, eles são apenas para auxiliar os Congressistas empossados;
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Demais cargos, como Presidente e Senadores, continuam sendo votação direta;
Com essa mudança acredito que a representatividade da população no Congresso Nacional será muito mais próxima da realidade do que como é feito hoje em dia.
Proposta #2 - Eleições em partidos
Nessa proposta tenho em mente uma mudança mais brusca do sistema, mas que pode trazer benefícios à democracia. Um dos grandes problemas que observo hoje em dia é que não há consistência nos votos da população. O que quero dizer com isso é que, por exemplo, em 2022 elegeram Lula como presidente, mas um Congresso majoritariamente bolsonarista. Isso acontece pois acaba se tornando muito complexo para a população entender os papeis de cada função do governo, assim como acompanhar os políticos que estão votando, o que pode acabar gerando conflitos como os que mencionei.
Para resolver estes e outros problemas, proponho as seguintes mudanças:
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Não há uma imagem centralizadora (presidente, etc);
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Partidos políticos devem apresentar seu projeto de governo para a população;
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Durante a corrida eleitoral serão feitos debates públicos entre projetos;
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A população deve votar nos projetos de governo, não em representantes;
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Ao ser eleito, um representante do partido assume simbolicamente o papel de presidente;
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O partido eleito recebe 2/3 dos congressistas, garantindo maioria; Os outros 1/3 são distribuídos entre os opositores;
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No Senado o cenário é o oposto: o governo eleito recebe 1/3 e os opositores 2/3;
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No final de cada ano é feita uma avaliação do desempenho do governo eleito: o governo está caminhando para cumprir com o projeto apresentado à população?
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Caso o governo eleito não esteja cumprindo com o projeto apresentado ou estaja causando danos à sociedade, a oposição no congresso pode abrir uma moção contra o governo;
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Na eventualidade de uma moção, uma CPMI encabeçada pela oposição será aberta com a finalidade de levantar evidências do descumprimento do projeto de governo apresentado. Ao final do processo de CPMI, as evidências levantadas devem ser levadas ao STF para julgamento final;
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Caso o governo seja julgado como inadimplente, punições são sancionadas:
Primeira vez: O partido perde o mandato. Quem assume até o final do período é o segundo partido mais votado nas eleições.
Segunda vez: O partido perde o mandato e não poderá se candidatar nas próximas eleições. Quem assume até o final do período é o segundo partido mais votado nas eleições.
Terceira vez em diante: O partido perde o mandato e não poderá se candidatar nas próximas X eleições, onde X é o número da recorrência atual. Quem assume até o final do período é o segundo partido mais votado nas eleições.
Penso em punições severas pois o governo terá maioria no congresso, então se ele não está cumprindo com o projeto de governo é por incompetência ou corrupção.
Enfim, gostaria de ver discussões sobre esse tópico. Caso alguém pense em outras alternativas, também seria muito legal ver elas por aqui!
@AlbigensianGhoul @BaalInvoker o poder só troca de mão, amigo, se não for você o “rico”, será outro, e veja, que uso o termo rico como poderoso(poder político e militar), e não como detentor de recursos materiais. O melhor sistema democrático é aquele que o cidadão entende e respeita, pois democracia é antes de tudo um contrato entre as partes.
Eu uso “rico” como “quem detém riqueza” porque poder econômico pode facilmente se tornar poder político e militar. Só notar o como não importa o presidente nessa “democracia” nossa, sempre tem um latifundiário no ministério da agricultura, bancada ruralista mandando no congresso, cartéis televisivos controlando a narrativa política, e a lista não acaba, com o exército convenientemente apoiando tudo isso, já que o alto escalão vai sair ganhando.
Pela lógica aí, uma monarquia absoluta que é “entendida” e “respeitada” pela população é democrática. Na minha visão, o melhor sistema democrático é o que o age de acordo com os interesses da classe majoritária, não da classe dominante, e que não tolera ser burlado ou sabotado por bilionários oportunistas.
Isso não se resolve só trocando voto direto (que por sinal já foi um grande avanço no Brasil) por algum outro sistema esotérico de votos.
Certo, mas como atingimos isso?
Existem diversos artigos questionando se a democracia não seria melhor representada por sorteio
https://www.taylorfrancis.com/chapters/edit/10.4324/9781315111933-4/sortition-voting-democratic-equality-peter-stone
https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0032329218789891
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/dech.12651
E tem outros se procurar no Scholar Google… Cuidado ao chamar sistemas diferentes do que você imagina de esotérico, pois você pode acabar diminuindo uma ideia que pode ser muito valiosa por puro preconceito
A “Democracia” estadunidense se adaptaria facilmente em um modelo de sorteio sendo que só existe dois partidos e ambos de direita rsrsrs
Mesmo se o sorteio for feito dentre todos que se inscreverem, fazendo parte de um partido ou não?
A ideia do sorteio é com que qualquer cidadão possa se candidatar ao sorteio. Não é necessário ter partido
Mas elaborando na imagem, eu descrevi alguns métodos no comentário original. Com certeza não é na base de deixar a democracia menos direta.
Existem diversas linguagens de programação chamadas esolangs. Ser esotérico não depende de ter acadêmicos falando sobre, depende de ter histórico de uso. E sorteio pra eleger cargos políticos não tem histórico de uso no mundo todo.
Só é usado pra fazer funções que ninguém quer, tipo ser júri ou convocação militar. E o outro sistema de partidos é tão confuso que é pedir pra ser burlado.
@AlbigensianGhoul Opa, bom dia tudo bem?
Eu também julgava assim, mas na verdade é o contrário. São as relações interpessoais que se tornam poder econômico e militar. Eu vou usar Gilberto Freyre e a sua bibliografia (Talvez um pouco de Maquiavel). A grande tragédia do nosso país, e da maioria dos colonizados segue um padrão que acontece por todo mundo. A formação da elite brasileira acontece com as capitanias hereditárias. O mecanismo econômico, além das grandes massas de escravos …
@AlbigensianGhoul funcionava por meio de acordos com vários grupos. A coisa crescia por meio de patrimonialismo. É como funciona a política no brasil, formada grupos e famílias antigas. Fazendo parte do grupo, tem-se acesso a recursos mateiais. Se não faz parte, fica marginalizado. O poder militar foi conseguido com acordos com outras famílias. Para se ter uma idéia, na capitania de são vicente existiam florentinos, franceses, ingleses, genoveses, flamengos, espanhóis…
@AlbigensianGhoul As relações entre esses grupos ditaram o caminho político do Brasil e tudo funciona por meio do “patrimonialismo”, e a economia patriarcal até nos dias de hoje. Se expandirmos para política externa a coisa funciona de modo semelhante, e o relacionamente de Maquia vel com Cesar Borgia, filho do papa da época explica muito bem essa questão das relações. O primeiro e único erro de Borgia, levou ao seu assssinato. Maquiavel deixa claro que o seu único erro foi ignorar as relações.
@AlbigensianGhoul História não é minha área, e eu sou somente um leitor mediano, mas aprendi isso aqui:
https://www.amazon.com.br/gp/product/8526008692?ref_=dbs_m_mng_rwt_calw_tpbk_0&storeType=ebooks
https://www.amazon.com.br/Sobrados-Mucambos-Gilberto-Freyre/dp/8526008358
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000052.pdf
IMHO, é a única coisa que faz a política fazer sentido.
@AlbigensianGhoul Como exemplo, para apimentar a conversa podemos trazer tudo isso para o presente com as redes sociais. O X, antigo twitter, já se provou ser uma ferramenta gigantesca para exercer poder “político”, e mesmo com todo o mal que faz, não será desligado porque é importante para os grupos. Importa é quem detém o X.